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segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Vou parar com o blog?

Olá, queridos velhos e novos leitores!

- Foram mais de 10 ANOS sem parar de escrever aqui.
- Mais de 250 artigos publicados.
- Mais de 278.000 visualizações, com 60% só no Brasil.
- Quase 600 comentários.
- E um número desconhecido em que ele foi referência de TCC, trabalhos, workshops e textos, de amizades feitas virtualmente que duram até hoje e um aprendizado desmedido.

Muito do que sou hoje como bailarina e professora, eu devo a este blog.

Mas, o tempo dos blogs passou. Estudar e se informar, atualmente, é através do YouTube, do Facebook e do WhatsApp. E não é exatamente uma crítica, apenas observação e aceitação que as coisas mudaram.

Estou insistindo em manter meu blog ativo há alguns anos (mesmo após vários blogs terem parado há muito tempo mesmo) e só vejo o número de leituras decrescer ao longo desse tempo nele. Muita energia é colocada nesse blog para que ele ainda seja usado como referência de estudo. Porém, o retorno não tem valido mais a pena, principalmente, porque as informações que estão aqui estão sendo DADAS, são GRATUITAS.

Logo, queridos, preciso dar um tempo. É possível que eu escreva algo que eu sinta que vale a pena dividir. O blog ainda estará aberto para o Espaço da Pupila, guest posts e recebimento de sugestões de temas. E é óbvio, que podem continuar comentando nele! Ainda vou terminar de revisar os posts, como está anunciado no canto superior esquerdo da página.

O que tenho feito mais é dar aulas online. Posso te enviar informações completas por email, sem nenhum compromisso:


E, claro, continuarei conectada através da minha FanPage, do meu canal no YouTube, do meu Instagram e do meu email hannaaisha00@gmail.com, me busca lá!

Bauce kabira,
Hanna Aisha

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Fakkarouni

"Eles me lembraram"

Intérprete: Oum Khoulsoum (1898/1904?-1975)
Letra: Abdel Wahab Mohamed
Música: Mohamed Abdel Wahab (1902-1991)

Essa música foi lançada em 1966 e não consegui encontrar a história por trás dela. Aqui, tem a letra e tradução (em inglês) para acompanhar a música:


"Para variar", costumamos dançar as introduções das músicas da Oum Khoulsoum. Hoje, corrigiria diversas questões técnicas nesse meu vídeo, mas curto muito a leitura musical que fiz dessa versão:


Aqui, minha rainha Souhair Zaki dançou outro pedaço dessa música, a qual somos pouco familiarizadas:


E aqui, uma outra leitura dessa música, feita pela Elis Pinheiro:



Bauce kabira,
Hanna Aisha

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

É possível separar arte de política?

Olá! Primeiro, veja o video abaixo:



Em uma entrevista para o jornal "Nexo", Paola Carosella, que é chef de cozinha, disse que toda escolha é um ato político. De quem e o que compramos são discursos mudos e que o verdadeiro valor da escolha é quando você sabe o que você tá escolhendo e quando você tem a possibilidade de escolha.

Cada vez mais se fala e se discute o reaparecimento de autocracias e da extrema direita no mundo e a fragilidade e falhas da democracia moderna. E a história já nos mostrou que uma das classes mais rapidamente afetadas em um quadro desse, é a artística porque é uma classe que costuma tratar de qualquer tema e da forma que lhe achar mais interessante - e é aí que quero criar o link com a Dança do Ventre.

Quando as bailarinas falam sobre identidade e estilo em DV, elas se referem à identidade que você quer construir e ao produto que você quer vender junto disso. Ou seja, você precisa definir que público você quer atender, que imagem você quer passar e o que você pode oferecer. A bailarina que construímos não necessariamente somos nós mesmas, aquelas do CPF. As qualidades e defeitos que temos enquanto pessoas físicas não precisam ser repassadas para a pessoa jurídica (artística).

Quando vamos para o palco ou para a sala de aula, sempre assumimos uma posição política - mesmo que você ache que não. Neutralidade é uma posição política e as pessoas tendem a achar que política diz respeito só ao que se passa no âmbito legislativo, executivo e judiciário. Nós fazemos política o tempo inteiro. Existe uma palavra em inglês - policy, a qual podemos traduzir para diretriz: diretrizes do prédio em que moramos, da empresa que trabalhamos, da faculdade que estudamos são decisões políticas também. Política diz respeito a como as sociedades humanas de organizam.

Nessa construção da definição da bailarina, uma das ideias é definir e construir uma mensagem que iremos passar. Pouca gente discute isso, mas o maior exemplo disso é a bailarina egípcia Dina, que com sua roupas ousadas, revolucionou os figurinos na Dança do Ventre como uma forma de protesto à moralidade religiosa do povo egípcio e da sua profissão como bailarina de Dança do Ventre - que não é levada a sério até hoje no Egito.

Fica aqui a dica desse episódio do podcast "Trabalho de Mesa" que acho que será um ótimo exemplo para complementar essa reflexão e essa live que realizei na minha conta no Instagram.

Bauce kabira,
Hanna Aisha

segunda-feira, 8 de julho de 2019

Livros sobre dança - parte 7

Olá, bellynerds!

Resultado de imagem para livro folclore arabe melinda
Infelizmente, temos poucos livros sobre Dança do Ventre/Folclore Árabe em português. Um dos mais recentes lançamentos foi o "Livro Folclore Árabe - Cultura, Arte e Dança - Volume 1" das cariocas Luciana Midlej e Melinda James. Além disso, contém alguns relatos pessoais das autoras (que viajam frequentemente para lá, em busca de informação in loco). O que mais me chamou a atenção foram os desenhos dos figurinos, feitos por Adriana Almeida. Eles foram bastante ilustrativos e inspiradores, também baseados em suas pesquisas locais, já que também viaja frequentemente com as autoras. Se você não sabe nada ou quase nada sobre folclore árabe, sugiro esse livro como ótimo material introdutório - focado no Egito e em regiões próximas. Pode funcionar como uma fonte de consulta, caso tenha esquecido de alguma informação. Mas, se você quer se aprofundar em algum deles, é preciso buscar um pouco mais de informação para complementar, principalmente, em outras fontes/professores confiáveis. Também sugiro a busca de vídeos para ajudar a entender o que elas explicam no livro.

Resultado de imagem para Stories of a Traveling BellydancerComprei o livro "Stories of a Traveling Bellydancer", seguindo a dica da Laura, mas confesso que curti menos que ela. Laura descreveu bem o livro: é uma adaptação dos emails que ela escreveu para os amigos sobre as viagens que a autora Zaina Brown, uma bailarina finlandesa, fez pelo Oriente Médio e África. Talvez porque eu não curta tanto narrativas de blog pessoal ou por causa de alguns comentários que ela, como europeia/moradora dos EUA, fez sobre a vida ou as pessoas. Ela se surpreendia com algumas questões básicas sobre países em desenvolvimento, como se vivesse em uma bolha. Bom, ela vivia em uma bolha (hoje, ela mora na Tailândia). Então, eu me irritava, de vez em quando. Ok, eu preciso ter um pouco de solidariedade para entender que ela vivia em uma bolha, mas ela não se deixava "vencer" por conta disso e, realmente, encarou aventuras que eu não encararia. Ela narrou a vida de cidades e situações que eu nunca visitarei/passarei. Eu daria nota 6 (Laura deu 8), mas porque seja uma questão de gosto mesmo. O preço na Amazon é realmente bom, então, se sua curiosidade é maior para esse tipo de leitura, vá em frente!

Boa leitura!

Bauce kabira,
Hanna Aisha

segunda-feira, 27 de maio de 2019

Quem foi Tufic Nabak

O bailarino libanês Tufic Nabak, de 45 anos, faleceu no dia 28 de abril de 2019, vítima de um câncer de boca reincidente. Resolvi fazer esse post para deixar minha homenagem a ele e contar, brevemente, como foi nossa amizade de 11 anos.

Vida no Líbano 

Tufic Kamel Nabak nasceu em Ras Baalbek, norte do Líbano, terra do dabke, na divisa com a Síria. Por conta do frio excessivo, sua família se mudou para a capital Beirute, onde ele passou sua infância. Mas, a família Nabak acabou se mudando para Juiz de Fora - MG em 1990, quando ele tinha 17 anos, onde já tinham família instalada desde o século 19, por conta da guerra civil. 

Início na dança 
Ele fez teatro e dança durante sua infância em Beirute e a dança árabe, aprendeu com a própria família, nos casamentos e nas festas tradicionais. 


Dança como profissão 
Ele acabou iniciando sua carreira artística em 1998, quando ele foi selecionado em um teste de elenco para o filme “Lavoura Arcaica”, de Luiz Fernando Carvalho. Como o diretor o colocou para dar aulas, além de compor o elenco de apoio, acabou envolvendo-se de vez com os estudos sobre o folclore árabe. A partir daí, resolveu fazer teatro profissional e fundou, em 2001, um grupo de dança - o grupo Baladi - que deu origem, posteriormente, ao Grupo Nabak - no Clube Sírio e Libanês. O grupo teve, como objetivo, representar e divulgar a arte da dança e da cultura árabes e acabou recebendo, do Consulado Geral do Líbano no Rio de Janeiro, o reconhecimento pelo trabalho de divulgação e preservação da cultura libanesa no Brasil.


Pontos importantes da sua carreira 
Em 2002, Tufic Nabak participou da novela "O Clone", da Rede Globo. 
Em 2006, ganhou o primeiro lugar na Categoria Dupla Nacional, no Mercado Persa. 
Em 2009, foi entrevistado pelo jornalista Jô Soares.


Em 2012, Tufic Nabak foi convidado pela famosa bailarina libanesa Amani para ser um dos ministrantes de workshop, júri e bailarino do show de gala do seu evento.


Em 2013, Tufic publicou um livro chamado "Um Líbano inesquecível". Ele disse que a vontade de escrever o livro srurgiu com a conclusão do seu trabalho final na Faculdade de Turismo.
Em 2016, Tufic também fundou o Studio Tablado Árabe Nabak (STAN), com sua parceira, sócia e amiga há mais de 20 anos, Cíntia Prado, ainda em funcionamento.
Em 2017, ministrou um curso de cultura árabe para os atores da série “Dois irmãos”, também dirigida por Luiz Fernando Carvalho, na TV Globo.
Em 2019, em seu mais recente trabalho, foi preparador e coreógrafo do elenco da novela "Órfãos da Terra", também da TV Globo. Após seu falecimento, Shaira Sayaad passou a substitui-lo nessa tarefa, por sua indicação ainda durante seu tratamento. 

Em 20 anos de carreira, Tufic viajou pelo Brasil dando palestras, dançando com diversas bailarinas e ministrando cursos de dança e cultura árabes. Tufic deixou sua mãe Hassnate e dois irmãos, Claude e Tony.

Eu e Tufic
Vi o Tufic, pela primeira vez, no Mercado Persa de 2006, dançando com a Bárbara na categoria dupla. Mas, só em 2008, que fomos apresentados pessoalmente. Eu comentei com um namorado meu da época que tinha visto no Orkut, um cartaz falando sobre um show internacional em Juiz de Fora, com o Tufic e a Fabiana Tolomelli, recém-chegada dos países árabes. Por conta do meu interesse, ele me incentivou a ir ver o show e, a partir daí, minha relação com a rodoviária passou a ser bem intensa. Nessa noite do show, Tufic comentou que ele daria, no mesmo ano de 2008, junto da Fabiana, um curso profissionalizante, com foco no estilo libanês - e eu, que sempre adorei as bailarinas libanesas - disse: "Tô dentro!".

Fiz todo o curso por vários meses (dormi duas vezes na sua casa, quando perdi os ônibus de volta), aprendi horrores (tinha acabado de tirar meu DRT), passei a dançar de sapato e fiquei próxima dele.

Participei, pela primeira vez, em 2009, da Feira Cultural Árabe - evento organizado por ele por muitos anos em Juiz de Fora - e, no mesmo ano, nos encontramos em um evento em Petrópolis - RJ, onde ganhei o primeiro lugar do concurso profissional. Ele foi um dos jurados e, no fim do evento, me confidenciou que ele iria criar o Selo Nabak no ano seguinte e me convidou para tentar. Então, em 2010, junto da Nanci Rocha, fomos as primeiras a ganhar seu selo de qualidade, após seleção por vídeo, prova teórica e prática (DV e folclore libaneses) presenciais.

Por conta do Selo e da nossa proximidade cada vez maior, acabei participando todos os anos (menos em 2012, por conta de uma viagem minha a trabalho) da FCA, ele foi meu consultor de diversos temas relacionados à dança, dançamos juntos, trocamos conselhos profissionais (e pessoais), ele fez tradução de graça de músicas para mim... e sim, viramos amigos.

Em janeiro de 2018, às vésperas da minha vinda aos EUA, eu liguei para ele para me despedir. Ele me disse que eu faria falta no Brasil, mas que era para eu ir atrás dos meus sonhos. Não esperava nada diferente dele.

Obrigada, Tufic. Sentirei sua falta também.

Fontes: Acessa, Central DV, Tribuna de Minas, meus relatos pessoais. 

Bauce kabira, 
Hanna Aisha

segunda-feira, 15 de abril de 2019

Minha experiência com bellydance nos EUA - parte 2

Olá, povo que continua curioso!

Na parte 1, eu dividi minha experiência como bailarina aqui nos EUA. Vocês já foram lá ver?

Nessa segunda parte, vou dividir as impressões que eu tenho da  prática da Dança do Ventre aqui na região de Baltimore/DC, onde moro, atualmente. Logo, não sei se posso estender isso para outras regiões dos EUA.

1) É impressionante o quanto o Estilo Tribal Fusion e o ATS estão presentes na dança delas. Vi muitas apresentações só de Tribal Fusion e muitas bellydancers (as bailarinas que dançam Dança do Ventre) dão um "tempero" em suas danças com as posturas e/ou trejeitos ATS. Aliás, fusão com Dança do Ventre é bem comum. Vi fusões com cigana, tribal, japonesa, flamenco, burlesco, música ocidental...

2) Elas também fazem muita edição nas músicas, misturando-as. Por exemplo, começar com uma zaffe e terminar numa percussão ou começar com "Aziza" editada e fechar com percussão. Aliás, elas adoram percussão (e a influência da Sadie sobre a forma como elas dançam percussão é bastante forte) e músicas para Tribal Fusion (música New Age também). Elas não costumam dançar músicas que chamaríamos aqui de "tradicionais".

3) Os figurinos me soam um pouco anos 2000. Não lembro de ter visto figurino egípcio atual ou um vestido ou com strass. Isso significa que vejo muitas franjas, faixas de cabelo, braceletes, moedas, flores. Eu diria que também é influência do ATS.

4) Enquanto gastamos muito tempo nos maquiando, eu não vejo investimento delas em maquiagens elaboradas; elas fazem maquiagens beeeeeeeeem básicas, comparadas às nossas.

5) O público costuma ser muito receptivo e simpático, quando não, generoso, dando gorjeta.

6) A leitura musical é muito diferente; tenho a sensação de que elas se preocupam muito em ler a música de uma forma geral, com pouca ênfase nos instrumentos solistas e com mais atenção à melodia como um todo.

7) Elas AMAM acessórios! Véu de seda, wings, fanveil, espada, bastão, snujs, candelabro ou bandeja com velas são os mais usados.

8) Não é incomum uma bailarina profissional também realizar outras danças como indiana, ATS, Tribal, danças latinas ou persa.

9) Já disse que elas adoram fazer fusões temáticas? Então, adoram: Halloween, unicórnio, gótico, terror, sereia, burlesco. Elas não parecem se preocupar muito com o que dirão sobre a criação delas...

10) Eu diria que aqui, onde estou, a Dança do Ventre é mais democrática: vejo mais mulheres mais velhas, bem acima do peso e/ou negras dançando em eventos e haflas ou profissionalmente. Pode ter a ver com a região, apenas, eu não sei [sabemos que, no fundo, os contratantes e as pessoas querem ver bailarinas jovens, brancas e com corpo bonito, não importando sua qualidade técnica e/ou experiência].

11) Elas oferecem workshops com nomes divertidos para temas já conhecidos: "Saucy said" (said atrevido), "Badass baladi" (baladi foda), "Liquid Silver" (líquido prateado). Eu fiz dois workshops sobre Teoria musical e posso dizer que, elas arrasam! Imagino que seja por conta da escola, que oferece artes em geral, muitas delas têm base musical forte e os dois cursos foram excelentes, como nunca vi nada próximo no Brasil.

12) Sobre aulas regulares: elas vendem as aulas em combos temáticos, ou seja, você comprar 2 ou 3 meses de aula, em que você estudará uma coreografia de alguma modalidade. Não é comum ter turmas regulares, com as mesmas alunas e tal... ainda não sei como ocorre o processo de profissionalização de uma bailarina, mas eu chutaria que ela ocorre de forma totalmente autônoma e sem fiscalização (ou seja, não rola sindicato - apesar de já ter ouvido mais de uma vez que existem as bailarinas "polícia").

13) Aqui, esse lance de você tirar foto ou filmar alguém para publicar nas redes sociais, principalmente, pode dar problema se você não tiver o consentimento da pessoa. O uso da imagem sem licença é sério e aqui é o país dos processos judiciais, se processa por qualquer coisa. Logo, sugiro que, antes de filmar e colocar no Instagram, pergunte às bailarinas filmadas se pode fazer isso.

Aqui, outro vídeo meu, dançando na hafla "All Seasons", organizada pela bailarina da região Mariza Matel:



Você já dançou nos EUA? Ou outro país? Não quer dividir sua experiência conosco aqui no blog?
Espero que tenham gostado!

Bauce kabira,
Hanna Aisha

segunda-feira, 4 de março de 2019

Minha experiência com bellydance nos EUA - parte 1

Olá, pessoas curiosas!

Algumas pessoas me pediram para falar sobre como é a Dança do Ventre aqui nos EUA. Mas, é importante ter na cabeça que só posso falar da área na qual estou morando, que é Baltimore/DC. Logo, não dá para generalizar para todos os EUA.

Nessa primeira parte, vou dividir minha experiência como bailarina. No próximo post, vou dividir as impressões que tenho, por enquanto, das bailarinas e da dança, no geral, porque estou aqui há um pouco mais de um ano, apenas.

Eu comecei a contactar as bailarinas da região antes de vir pra cá e continuei nesse networking depois que cheguei. E nessa busca por contatos, conheci a Mariza Matel, bailarina da cidade, que tem uma trupe chamada Lazuli e ela promove eventos regularmente, como haflas, shows e workshops. Ela me recebeu muito bem imediatamente e já dancei duas vezes em sua hafla chamada "All Seasons". Abaixo, é o vídeo da primeira vez que dancei aqui:



Através da Mariza, nesse mesmo dia da hafla, em março, acabei sendo apresentada à sua amiga Aliceanna (também bailarina e professora em Baltimore), que foi headliner da hafla (ou seja, ela foi a convidada especial). Hoje em dia, eu e Aliceanna acabamos virando amigas pessoais [eu achei que não faria amigas aqui tão rápido porque somos culturalmente diferentes - mas a dança tem essa mágica, né?]. Nesse dia, também dançou a Kaela, bailarina da região e fotógrafa (minha foto inicial do post é dela). Na foto ao lado, temos a Kaela, Mariza, eu e Aliceanna num pub, comemorando o aniversário da Kaela.

Por conta do contato que mantivemos ao longo do ano, Mariza me convidou para dançar em grupo em um evento particular para uma empresa. Tivemos uns 6-7 ensaios para treinarmos a música que abriria e outra que fecharia o set de uma hora de show, intercalando com solos e duos. As músicas foram todas no estilo Bellydance SuperStars ou turcas. Foi uma experiência incrível para mim: a leitura delas é diferente da nossa (como as músicas utilizadas) e entender a lógica dos passos delas, assim como aplicar as emendas no meu corpo, foi um grande desafio. Fora decorar duas coreografias em menos de 2 meses e treinar dois solos. Foi um mês bem intenso! Não tivemos como filmar, mas aqui tem uma foto da gente, que tentou combinar as roupas para ficar mais bonito.


Eu dancei uma vez só no melhor restaurante "árabe" da cidade e foi ótimo. Consegui dançar lá por intermédio da bailarina Samira Shuruk, uma das profissionais mais antigas e conceituadas da área. Como tem dois andares, eu e mais uma bailarina dançamos naquela noite de sábado, trocando de andar no meio do set de 5 músicas. O público foi muito simpático e é bem comum ele dar gorjeta para as bailarinas no meio da sua dança. Porém, a escolha das nossas performances depende do gosto do dono, que é turco: ele não curte música egípcia, não pode usar bastão, tem usar acessórios como véu, bandeja, espada e snujs (aqui elas só chamam de zills). Como eu só trouxe véu e snujs, comprei taças e dancei com velas (a outra bailarina dançou com espada), coisa que não vi ainda aqui. Não tirei foto e filmei alguns segundos nos stories do Instagram. Quem sabe, numa próxima?

Também participei de um festival, o Dangerous Curves Bellydance Convention. Foram 3 dias de show, workshops e palestras, com uma headliner e convidadas especiais (em 2019, a headliner será a Cassandra Fox!). Fiz vários stories no meu Instagram nesse dia (me segue lá! @hanna_aisha), onde mostrei algumas danças e o espaço em que ocorreu o festival. Fiz 3 workshops e dancei em um dos shows:



O festival mais famoso da área (The Art of the Belly) rola sempre em março e eu estava recém-chegada e sem dinheiro. A Jillina foi uma das headliners e esse ano será a Zoe Jakes e Aziza. Mas, perdi completamente a inscrição para 2019 e já tem lista de espera. Fica para 2020...

Na mesma hafla de março, também conheci a Carolina Hernandez, colombiana e bailarina da área. Ela me convidou para dançar em um festival cultural em Silver Spring, cidade próxima a Baltimore, ainda em Maryland. Ventava muito e fazia muito calor: foi um desafio lidar com cabelo voando e maquiagem derretendo, mas o público foi muito caloroso e o fotógrafo tirou fotos incríveis!

2018 não foi um ano super produtivo na dança, comparado ao que tenho no Brasil: não dei workshop nem aula presencial (só dei aulas online), dancei em um festival de dança e outro cutlural, em duas haflas, em um restaurante e em um evento particular, além de ter feito 5 workshops. Mas, olhando assim, até que não foi tão ruim para um primeiro ano morando fora do Brasil. Poderia ter sido mais agitado? Sem dúvida, mas a prioridade não era (e ainda não é) essa. Agora é esperar ver como 2019 vai se apresentar!

Espero que tenham gostado! E se você já morou nos EUA (ou em outro país) e quer dividir sua experiência, comenta aqui!

Bauce kabira,
Hanna Aisha

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Tahia Karioca: pra estudar

Rushdy Said Bughdady Abaza nasceu dia 22 de fevereiro de 1919 em Ismaília, no Egito e morreu de ataque cardíaco no dia 20 de setembro de 1999, aos 80 anos.

Sua história não é muito diferente das bailarinas da época: foi desencorajada por sua família para trabalhar como bailarina e mudou-se para o Cairo. Lá, estudou dança na Ivanova Belly Dancing School e conheceu sua vizinha Badia Masabni, que lhe ofereceu a chance de trabalhar em sua trupe, após começar a trabalhar em seu cabaré vendendo frutas. Taheyya Mohamed, seu nome artístico inicial, ganhou popularidade rapidamente e foi no cassino onde ela conheceu o Samba (que era chamado de Carioca pelos egípcios) e pelo qual se apaixonou, sendo inserido em suas apresentações, posteriormente. Taheyya Karioka (ela trocou seu nome por conta disso) estrelou, em torno de, 120 filmes, além de ter trabalhado na televisão e no teatro. Samia Gamal era sua rival no cassino, mesmo que seus estilos de dançar fossem muito diferentes.

Tahia Carioca era muito meiga, delicada e graciosa, onde utilizava passos pequenos, com muitos oitos, redondos, camelos e sem marcações fortes. Ela fazia muito o redondo grande de quadril, deixando-o um pouco lento na frente. Os braços ficavam em, basicamente, 3 posições: meio alongados acima da cabeça ou do quadril ou posicionados na altura do rosto e busto:


Possuía uma técnica bastante sofisticada e fluida, cheia de emendas e explorando muito variações de altura, com o recurso de flexão dos joelhos. Mais tarde, ela incorporaria passos de danças latinas em suas performances. Tahia foi uma das bailarinas que ficaram conhecidas por elevar o nível técnico da dança oriental no Egito. Tanto que foi chamada pela revista "New York Times" como uma "pioneira da dança oriental moderna", isto é, como ela é dançada hoje.

Uma curiosidade: ela chegou a ser chamada para trabalhar em Hollywood, mas como seus braços eram considerados pouco elaborados, exigiu-se que ela fizesse aulas de ballet. Ela recusou, pois ela se considerava uma bailarina profissional e que não precisava de ajuda para dançar. Adivinha que foi trabalhar em seu lugar? Samia Gamal.


Tahia teve uma vida política ativa e era famosa por conseguir ser "sedutora sem ser vulgar", como o famoso autor Edward Said citou em um dos seus livros. Ela se aposentou da dança em 1963, mas continuou a carreira de atriz. Mais velha, converteu-se ao Islã, fez a peregrinação à Meca e passou a usar véu. Apesar de ela ter se casado 14 vezes, Tahia foi incapaz de conceber filhos.

Bauce kabira,
Hanna Aisha