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terça-feira, 17 de abril de 2012

Até onde vai a ousadia?

Lendo o post da Amar sobre Mozart e DV, fiquei pensando em quanto eu NÃO sou ousada. Tenho muitas dificuldades em ir além do que aprendi e continuo estudando. Fiquei até um pouco preocupada com o que diriam da minha performance mais "celta"! Daí lanço a pergunta: até onde vai a ousadia na DV? Se somos, no geral, (se é que temos o direito) superconservadoras com o folclore/popular árabe, imagina fusionar/inovar! Não vou falar de fusão aqui, já fiz isso. Mas vim falar da inovação mesmo, da construção de novas personagens, ideias, desenhos, figurinos, músicas. Isso é inovação ou maluquice para vocês?


Eu, sinceramente, achei maneiro, de verdade. Não tenho ideia do contexto ou da intenção da bailarina, mas que a produção foi bem feita, foi. Expressão, figurino, música, cenário... Por que você não gostou? Isso diminui a nossa querida dança do ventre? Acho até que a DV passou meio longe desse video... E por que então, as pessoas gostam disso?


O que quero passar com esse post é a ideia de que muito mais importante do que ficarmos ofendidas com vídeos (ok, alguns são realmente péssimos), avalie sua própria dança, sua aula, suas alunas. Estou ensinando corretamente? Minhas alunas estão crescendo? EU estou crescendo? Antes de ficarmos ofendidas com esses vídeos, como se fosse uma coisa pessoal, vamos primeiro ver se estamos cumprindo com nosso papel. Daí passamos a ver a coleguinha do lado.

Não tenho nenhum cacife acadêmico (não sou bailarina de formação acadêmica) para criticar escolas, pensamentos, técnica que não sejam além da DV e de maneira alguma venho aqui deixar de incentivar as inovações ou dizer que aceito/acho lindo qualquer trabalho relacionado à DV. Apenas que tudo tem contexto e, bom gosto, amiga, quando há, não tem para ninguém!

Para finalizar, uma parte do show "Alladin" organizado pela Julli Mariano (SP) em que achei fantástica. Não achei no YouTube a parte da Julli com o Tarik, mas esse vídeo dá para ter uma ideia da inovação realizada por ela (não tive tempo de ver todo o espetáculo):


OBS.: Esse post não é direcionado à ninguém, ok? Apenas juntei pensamentos que estavam sendo acumulados ao longo do tempo ao assistir diversas apresentações e videos desse tipo.

Bauce kabira,
Hanna Aisha

segunda-feira, 9 de abril de 2012

O que faz uma bailarina NÃO querer viver de dança?

Outro dia, tive um súbito momento em que desejei viver só de dança. Mas segundos depois, voltei à realidade. Esse post, DE MANEIRA ALGUMA, é pessimista e é contra a ideia de se viver de dança. NÃO. Mas sim, existem pessoas que poderiam, mas não querem. Por quê?

Já escrevi porque uma bailarina larga a DV. Dinheiro, casamento, gravidez, novos projetos... mas, e aquelas que não a têm como primeira profissão (como eu)?

Um resumo sobre minha opinião e uma junção de inúmeras conversas que já tive por aí com outras bailocas:

Instabilidade financeira: esse é um ponto importante (senão o principal) e nem preciso incluir aqui os gastos que fazemos com roupas, eventos e aprimoramento. Para bailarinas que não possuem escola de dança, depender de manter uma quantidade razoável de alunas dá frio na barriga. Além disso, é basicamente necessário estar vinculada (não importa a forma) aos grupos que coordenam os restaurantes para divulgação constante e dinheiro extra. Fora, o fato de que seria ainda bem melhor se você fosse convidada para fazer festas particulares ou ministrar cursos com certa frequência. Daí, para isso, o famoso QI é fundamental.

Acho que só isso é um grande e bom motivo. Mas há outros:

- Não ter paciência para lidar com estrelismo e ego alheios;
- Organizar eventos constantemente, esperando que eles nunca lhe causem prejuízo e sim, o mínimo de lucro;
- Não ter jeito ou ter medo de abrir e manter uma escola de dança;
- Decepções constantes com eventos e pessoas, porque a fofoca/intriga, "amiga", é grande e parece inevitável, mesmo que às vezes, você fique na sua.

...daí, a dança acaba em segundo plano, do jeito que começou. Minha querida Lory escreveu um texto que complementa esse post de certa forma, vale a pena ler. Vera também já falou sobre isso!

A maioria das alunas, quando começa a aprender DV, tem mais de 18 anos e já tem alguma faculdade na cabeça ou já tem um outro emprego. São poucas as que largam as carreiras para viver de dança.

Tá. O que faz então as alunas chegarem a cogitar essa possibilidade? Acho que daí é tema para um post futuro!

Bauce kabira,
Hanna Aisha

quinta-feira, 5 de abril de 2012

[Off-topic] 30 anos de vida

A Mulher de 30 Anos
(Honoré de Balzac)

Ela perde o frescor juvenil, é verdade. Mas também o ar inseguro de quem ainda não sabe direito o que quer da vida, de si mesma e de um homem. Não sustenta mais aquele ar ingênuo, uma característica sexy da mulher de 20. Só que isso é compensado por outros atributos encantadores que reveste a mulher de 30. 

Como se conhece melhor, ela é muito mais autêntica, centrada, certeira no trato consigo mesma e com seu homem. Aos 30, a mulher tem uma relação mais saudável com o próprio corpo e orgulho da sua vagina, das suas carnes sinuosas, do seu cheiro cítrico. Não briga mais com nada disso. Na verdade, ela quer brigar o menos possível. Está interessada em absorver do mundo o que lhe parecer justo e útil, ignorando o que for feio e baixo - astral. Quer é ser feliz. Se o seu homem não gosta dela do jeito que é, que vá procurar outra. Ela só quer quem a mereça. 

Aos 30 anos, a mulher sabe se vestir. Domina a arte de valorizar os pontos fortes e disfarçar o que não interessa mostrar. Sabe escolher sapatos e acessórios, tecidos e decotes, maquiagem e corte de cabelo. Gasta mais porque tem mais dinheiro. Mas, sobretudo, gasta melhor. E tem gestos mais delicados e elegantes. 

Aos 30, ela carrega um olhar muito mais matador quando interessa matar. E finge indiferença com muito mais competência quando interessa repelir. Ela não é mais bobinha. Não que fique menos inconstante. Mulher que é mulher,se pudesse, não vestiria duas vezes a mesma roupa nem acordaria dois dias seguidos com o mesmo humor. Mas, aos 30 ela,já sabe lidar melhor com esse aspecto peculiar da sua condição feminina. E poupa (exceto quando não quer) o seu homem desses altos e baixos hormonais que aos 20 a atingiam e quem mais estivesse por perto, irremediavelmente. 

Aos 20, a mulher tem espinhas. Aos 30, tem pintas, encantadoras trilhas de pintas, que só sabem mesmo onde terminam uns poucos e sortudos escolhidos.

Sim, aos 20 a mulher é escolhida. Aos 30, é ela quem escolhe. E não veste mais calcinhas que não lhe favorecem. Só usa lingeries com altíssimo poder de fogo. Também aprende a se perfumar na dose certa, com a fragrância exata.

A mulher de 30, mais do que aos 20, cheira bem, dá gosto de olhar, captura os sentidos, provoca fome. Aos 30, ela é mais natural, sábia e serena. Menos ansiosa, menos estabanada. Até seus dentes parecem mais claros; seus lábios, mais reluzentes; sua saliva, mais potável. E o brilho da pele não é a oleosidade dos 20 anos, mas pura luminosidade.

Aos 20 ela rói as unhas. Aos 30, constrói para si mãos plásticas e perfeitas. Ainda desenvolve um toque ao mesmo tempo firme e suave. Ocorre algo parecido com os pés, que atingem uma exatidão estética insuperável. Acontece alguma coisa também com os cílios, o desenho das sobrancelhas, o jeito de olhar. Fica tudo mais glamouroso, mais sexualmente arguto.

Aos 30, quando ousa, no que quer que seja, a mulher costuma acertar em cheio. No jogo com os homens já aprendeu a atuar no contra - ataque. Quando dá o bote é para liquidar a fatura. Ela sabe dominar seu parceiro sem que ele se sinta dominado. Mostra a sua força na hora certa e de forma sutil. Não para exibir poder, mas para resolver tudo ao seu favor antes de chegar ao ponto de precisar exibi-lo. Consegue o que pretende sem confrontos inúteis. Sabiamente, goza das prerrogativas da condição feminina sem engolir sapos supostamente decorrentes do fato de ser mulher.

Bauce kabira,
Hanna Aisha