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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Dançando ao vivo

Quem já foi em algum show de Dança do Ventre com música ao vivo já reparou que quem faz as músicas são justamente aqueles caras atrás no palco? Pois é, tem bailarina que, quando dança ao vivo, parece que não enxerga isso. Uma banda ao vivo custa muito caro para serem utilizados como enfeites, em substituição ao CD.

Para quem nunca dançou ao vivo, pense nisso. Deixe seu repertório de mil sequências e mil arabesques um pouco de lado, dance "mais simples" e interaja não só com o cantor, mas com os músicos ali presentes (mesmo que a música seja apenas instrumental). Ah sim, e o público faz parte de um show ao vivo, não se esqueça dele.

Deixo aqui alguns vídeos como exemplo de como fica mais bonito de ver quando a bailarina faz esse tipo de interação. A Hadara Nur (SP) já tem intimidade com o Tony, por trabalharem juntos há muito tempo, o que facilita bastante para que você fique à vontade:


As bailarinas que dançam lá nos Emirados Árabes dançam, basicamente, só ao vivo. Os músicos do lugar e a bailarina ensaiam durante o dia, passam a conhecer um ao outro (o que facilita também)... Aqui, temos a Jacqueline Braga (SP) dançando em Dubai e ela mostra que sabe fazer isso bem:


Sobre isso de afinidade com os músicos; quem dera todas termos músicos próprios, como as grandes bailarinas egípcias que estudamos têm ou tiveram... Aqui, um exemplo do nosso orgulho, Soraia Zaied:


Quando falo de respeito a quem está no palco, o video abaixo mostra isso. Nadja El Balady (RJ) sai do chão e sobe ao palco para ficar perto dos músicos do Laieli al Sharq:


Eu já tinha dançado algumas vezes com o Tony, mas essa foi a que mais gostei:


- Mas quem não interage com o músico tá errada?
Não disse isso! Só estou dando minha opinião de que sim, para mim, fica mais bonito. Todas nós podemos e devemos ter nosso "momento estrela" na música, nenhum problema...

- Mas eu só danço coreografada, como faço?
Se você der a sorte da música ser tocada de forma bem parecida que o CD, beleza! Geralmente quem só dança coreografada, costuma estudar bastante e criar sequências. Logo, tem movimentos que saem automatizados, so... no problem!

- Mas os músicos estão tocando muito estranho, não consigo acompanhar!
Pode ser que você esteja dançando com músicos ruins, só isso.

E quem não tem a oportunidade de dançar sempre ao vivo? Ou quem nunca dançou com aquele cara  específico lá do palco? Bom, é importante que você tenha um treinamento já avançado em improviso, mesmo que você saiba qual será a música a ser tocada e estudá-la bastante! Estar alerta ao que está acontecendo no palco também faz parte, pois sempre existe uma chance grande de surpresas acontecerem, como um intervalo maior, uma aceleração, uma pausa, uma interação direta com o cantor/músico... Uma outra dica é, com internet, é mais fácil procurar saber como o músico em questão toca para as bailarinas. Aqui, deixo o vídeo da Natalia Trigo (RJ) dançando com banda ao vivo no Egito, com quem não nunca havia dançado:


Dançar com música ao vivo é bom demais! Só quem já experimentou e sentiu essa emoção, sabe o quanto é bom. Portanto, tendo a oportunidade de dançar ao vivo, não a deixe passar!

Bauce kabira,
Hanna Aisha

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Dança com taças

Post revisto e reescrito em 30/09/2018

Taças é considerado por algumas bailarinas como dança folclórica. Por quê? Porque sua origem (talvez estadunindense) é inspirada no candelabro, que nada mais é que um acessório utilizado por bailarinas em casamentos egípcios, uma tradição muito comum até hoje, de origem ghawazee.

Você também concorda com isso? Eu, particularmente, não consigo considerar as taças um folclore. Já a dança com o candelabro, que faz parte da zaffa, inicialmente, conduzida por ghawazee, é uma expressão mais tradicional. Logo, eu entendo as taças como um elemento moderno que, aliás, combinam bem com restaurantes e festas particulares, por ser um acessório que dá um ar de mistério, como leigos costumam apreciar.

Bom, resolvi escrever esse post mais para compartilhar uma pequena angústia: por que as pessoas não conseguem fazer uma coreografia de taças sem ser monótona?

..."É um ótimo acessório para iniciantes". Concordo.
..."Fica legal com música lenta"...
...mas, por que sempre a música da Loreena, "MARCOPOLO"???...

Vi raras apresentações legais com taças, como essa aqui:


Como as taças limitam bastante os movimentos com as mãos, uma ideia é explorar deslocamentos, braços, cambrês, pliês, ondulações e equilíbrio. Elas mostraram que é possível variar, mesmo com as mãos aparentemente "atadas".

O vídeo abaixo foi minha tentativa de fazer uma coreografia com taças mais dinâmica e com alunas do intermediário. Usamos velas de mentira (à bateria, são baratas, coloridas, fica bem bonito o efeito - que não dá para ver no vídeo porque não diminuíram as luzes) porque os teatros costumam proibir fogo em palco. Espero que gostem:


Se tiverem vídeos, mostrando trabalhos diferenciados, coloquem nos comentários!

Bauce kabira,
Hanna Aisha

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Indicação de blogs

Não sou assim muito blogueira, mas adoro ter esse meu espaço e sempre procuro criar algum texto, baseado em pesquisa em outros sites ou pesquisas pessoais para facilitar a difusão de um assunto que não é nem um pouco normatizado. Eu consulto pra caramba alguns blogs de confiança quando quero estudar certo tópico ou me certificar de uma ou outra coisa.

Já passei por alguns (que cheguei a entrar, mas acabei saindo ou nunca entrei) mas tem uns que são meros diários ou confusos ou egocêntrico demais ou sem um "estilo", digamos assim... Defino estilo aqui como uma maneira de montar seu blog, a qualidade de textos, o que você quer com ele... Como a Lory Moreira (BA) disse outro dia no twitter, tem gente mais preocupada com o número de seguidoras.

Não tenho grandes pretensões com o meu:

- quero sim divulgar meu trabalho
- quero compartilhar o que sei
- desabafar de vez em quando com alguma situação de nossa vida de bailarina de DV
- trocar informações (mas aí dependo de vocês hehehehehehe)
- e não falo da minha vida pessoal (sim, tenho uma assim como outra profissão)

Aqui, deixo a indicação desses blogs que até hoje eu consultei, gostei e continuo olhando:


Enfim, boa pesquisa para todas!

Bauce kabira,
Hanna Aisha

domingo, 12 de dezembro de 2010

Leila fi Hátor

Propagandinha!

Dia 29 de janeiro de 2011, para começar o ano com gás, a Elaine Rollemberg e seu Espaço Hátor estará promovendo seu primeiro grande evento com o convidado Tufic Nabak e oficinas de aprimoramento. As informações estão todas no cartaz abaixo:


Boa oportunidade de limpar os movimentos na dança por um bom preço (sai menos de R$ 30,00 cada oficina se você fizer as quatro) e conhecer mais de perto o trabalho de profissionais da sua cidade, que eu valorizo à beça! Seguem os videos desses profissionais para quem não conhece:

Elaine Rollemberg:


Hanna Aisha:


Shaira Sayaad:


Jaqueline Campos:


Bauce kabira,
Hanna Aisha

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Dança Hagalla

Aprendi Dança Hagalla recentemente num workshop com a bailarina argentina Yesica Carmona, aqui no Rio e pedi para ela me escrever um texto sobre isso. Fiz a tradução, que segue abaixo (os vídeos são por minha conta):

“Faz um tempo que estudo sobre a Dança Hagalla, sua origem e seu significado. No caminho, tive várias dúvidas referentes à dança e à música que devia utilizar e graças a elas, pude chegar a algumas conclusões.

Quando alguém se refere à Hagalla, não está somente se referindo à dança, porém também à música, à bailarina, a um movimento e a todo um contexto social. Hagalla vem do árabe “hagl” que significa “saltar”. É uma dança de celebração que acontece em diferentes ocasiões cotidianas nas colônias de beduínos de Marsa Matruh, que está localizado no noroeste do Egito e nos arredores da Líbia. Também está relacionada com as danças Kaf (aplausos). Comumente se utiliza a dança em casamentos, noivados ou colheitas nessas áreas. A bailarina ou “hagaleira” é a figura principal. Ela dança mostrando toda sua graça, riqueza e beleza para uma fila ou um semi-círculo de homens e familiares que participam da festa, acompanhando a bailarina com cantos e aplausos.

Excelente coreografia representando a Dança Hagalla, por Aris Medrei (DF):


Costuma estar coberta ou semi-coberta e, às vezes, utiliza um lenço ou vara para dançar. Pode ser uma familiar da noiva, já que é usual que outras mulheres da família tornem-se o centro dela ou pode ser uma bailarina profissional. Nesse caso, ela dança ao redor do homem eleito, tirando suas joias e braceletes em troca de novos braceletes dados por ele.

Não é uma dança em que a mulher tem como ambição se casar, até porque isto não acontece na vida atual pois os noivados já estão arranjados desde cedo, porém é uma representação. Na Líbia, por exemplo, essa dança representa uma celebração ao início da vida adulta de uma jovem que dança cobrindo seu rosto com um chador. Trata-se de um ritual social e regional, um folclore, como tantos outros, que não nos pertence, a não ser que tenhamos viajado ou vivenciado alguma experiência mais próxima. Por isso, é difícil falar de alguma música ou dança específica, mas é possível compreender sua essência, sua simplicidade dos movimentos e suas características para diferenciá-la de outro tipo folclórico.

A maioria das representações da Dança Hagalla são baseadas ou inspiradas na versão teatral da Troupe Reda, dirigida pelo mestre egípcio Mahmoud Reda. Em um artigo muito interesante escrito pela sua esposa e famosa bailarina Farida Fahmy, em um estudo de campo dos estilos folclóricos do Egito, ela conta que em 1965 teve a sorte de acompanhar seu esposo à província de Marsa Matruh e ter sido testemunha de uma evento de dança regional. Segundo Farida, este evento inspirou Mahmoud Reda em realizar e encenar a Haggala em 1966, utilizando um movimento tradicional de quadril, que ela aprendeu copiando e logo foi incorporado ao vocabulário da companhia Reda como Hagalla; este movimento de quadril pode ser combinado e seguido com os demais passos básicos da dança egípcia. O próprio Reda reconhece que sua versão está um pouco longe da versão tradicional e que ele introduziu em sua representação movimentos originais misturados com outros.

Hagalla por Mahmoud Reda:


Algo semelhante acontece com o vestuário; um vestido típico de mangas grandes, que pode ser usado com um grande “cachecol” ao redor dos quadris ou com uma “sobre-saia” ao estilo libanês. A faixa com grandes canutilhos e franjas é uma moda mais atual.

Mais uma linda coreografia:


Com respeito à música, geralmente se usa o ritmo laff ou malfuf, por sua estrutura de dois tempos com um corte, que se assemelha ao ritmo 2/4 utilizado nas músicas e celebrações regionais".

Aqui, minhas alunas da Cia Zahra Sharq, dançando Hagalla:


Artículo escrito por Yesica Carmona
Tradução livre do espanhol por Hanna Aisha

Bauce kabira,
Hanna Aisha