Post a pedido de Nitya Montenegro
Desde que eu adotei 2 gatinhas (essas aí na foto ao lado, Hob e Nur), não só descobri que o mundo ama gatos, sendo mais comum que eu imaginava, como BAILARINAS de Dança do Ventre comumente terem gatos. Eu arriscaria a dizer que gira em torno de 70% das mesmas. Coisa de maluco, eu não tinha a menor ideia. Daí resolvi procurar saber se existe uma relação entre gatos e bailarinas orientais.
Gatos (Felis silvestris catus) eram conhecidos no Antigo Egito como "mau" e a origem desse nome não é clara, mas alguns acreditam que exista referência onomatopoiética com o som que eles emitem (meow). Baseado em comparações de DNA de espécies vivas, parece que eles foram domesticados há 10.000 anos atrás no Oriente Médio porque eles caçavam ratos (protegendo seus estoques de comida) e cobras. Eles se tornaram um símbolo de graciosidade e equilíbrio. O deus Mafdet simbolizava a justiça e a deusa Bastet simbolizava proteção, fertilidade e a maternidade e eram representados por um leão e um gato, respectivamente. Gatos podiam ser mumificados e dados como oferenda à Bastet. Uma inscrição no Vale dos Reis, no Antigo Egito diz:
"You are the Great Cat, the avenger of the gods, and the judge of words, and the president of the sovereign chiefs and the governor of the holy Circle; you are indeed the Great Cat."
Os gatos são vistos de forma diferente por cada cultura, podendo ser associados à má ou boa sorte.
E de onde vem o mito das sete vidas dos gatos?
Esta lenda surgiu em decorrência da habilidade que esses felinos possuem para escapar de situações que envolvam risco à sua vida. Outro fator também responsável por essa crença é que, ao caírem de grandes altitudes, os gatos quase sempre atingem o solo apoiados sobre as quatro patas. Isso ocorre em função de possuírem um apurado senso de equilíbrio, permitindo-lhes girar rapidamente usando a cauda como contrapeso. Quando abandonados em áreas remotas, distantes da sociedade humana, filhotes de gatos podem converter-se ao meio de vida selvagem, passando a caçar pequenos animais para sobreviver. Isso faz com que eles sejam frequentemente vistos como animais resistentes, dotados de várias "vidas". Acredita-se que esta lenda esteja ligada à Idade Média, quando se imaginava que as bruxas se associavam aos gatos, principalmente aos pretos. Em 1584, no livro Beware the Cat (Cuidado com o gato), do escritor inglês William Baldwin dizia que "é permitido às bruxas possuírem o corpo do seu gato por nove vezes". Outro inglês, John Heywood, reuniu, em 1546, uma coletânea de provérbios, dos quais um dizia que "a mulher, assim como o gato, tem nove vidas". Um outro provérbio inglês diz: "O gato tem 9 vidas, com 3 ele brinca, 3 ele perde e com 3 ele fica". Já os árabes e turcos nada tinham contra os gatos (Maomé vivia cercado deles) e seus provérbios falam em sete vidas. É provável que tenham passado essa versão para espanhóis e portugueses na ocupação da Península Ibérica. A partir de Portugal, o mito das sete vidas felinas logo chegou ao Brasil, onde é muito popular.
E as bailarinas de Dança do Ventre, por que gostam tanto de gatos?
Não sei, continuo a não enxergar um relação direta. Se eu tivesse de arriscar, eu diria que a independência e mistério sejam importantes atrativos, além de serem animais esbeltos e carinhosos. Perguntei à Rafaela Alves, dona da Sofia, por que ela tem gato: "Na casa da minha avó, durante toda minha infância e adolescência, convivi com gatos e cachorros. Confesso que gostava mais dos cães, até que um gato muito especial da minha avó resolveu que eu era sua dona. Ele foi me conquistando aos poucos, começou a vir todas as vezes em que o chamava, todas as vezes em que eu chegava em casa ele estava me esperando na varanda e pulava no meu colo, aí não resisti. Me encantei por esse animal tão fascinante, que consegue unir inteligência, doçura, perspicácia e elegância. Com dois anos, meu gatinho morreu e fiquei sentindo muita falta. Então, quando fui morar sozinha, resolvi arrumar um gato. Aí, Deus me deu a Sophia de presente. Ela foi encontrada pelo meu sogro abandonada pequenininha em uma fazenda. Eu cuidei dela e já estamos juntas há 4 anos. Com a convivência diária, minha paixão pelos gatos só aumenta, pois além de espertos, independentes e brincalhões, eles mostram doçura e lealdade a quem sabe amá-los. Aquele ronronar derrete o coração de qualquer pessoa! E acho que os bichanos conseguem transmitir todo seu amor com um simples olhar, com um toque. E, pensando o motivo de muitas bailarinas possuírem um gato, vejo muitas semelhanças entre nós e os bichanos, pois ao dançar, temos que demonstrar elegância de movimentos. Às vezes, precisamos ser mais sérias e introspectivas e outras vezes, brincalhonas, sem nunca deixar de passar ao público, com nossos gestos e nosso olhar o amor pela dança".
E você, o que tem a nos dizer sobre seus peludinhos?
Bauce kabira,
Hanna Aisha