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segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Descontruindo leituras - Especial (3)

As Mayyas são um grupo de 36 bailarinas libanesas que ganharam a temporada 17 do programa estadunidense "America's got talent" com essa avassaladora performance, coreografada por Nadim Cherfan.


Bauce kabira,
Hanna Aisha

sexta-feira, 18 de março de 2022

2 anos depois: a dança e a pandemia

Olá, vacinadinhos do blog!

Ano passado, eu fiz um post refletindo sobre o primeiro ano de isolamento por conta da pandemia.

Felizmente, graças a um esforço coletivo internacional, um ano após a declaração da pandemia, já tínhamos vacinas sendo distribuídas globalmente - tomei minhas duas doses em abril/maio de 2021 e o reforço em novembro de 2021 (o qual eu tomei grávida de 5 meses!).

Infelizmente, completamos dois anos nesse pesadelo. Porém, diferente de 2020, minha relação com a dança mudou por questões de prioridade pessoal em 2021. Eu produzi muito menos com a dança:

- Segui com meu projeto de lives mensais com convidados no Instagram e o terminei em outubro de 2021. Entendi que ninguém aguentava mais as lives e já estavam voltando com suas vidas "normais"

- Dancei em um festival online apenas, onde produzi o vídeo abaixo:


- Fiz muito menos aulas online.

- Ainda assisti lives e fui convidada de outras.

Eu não sei o que você fez, provavelmente mais que 2020. Porém, reforço que, caso você não tenha feito metade do que planejou, está tudo bem ainda.

Claro que quem depende da dança para pagar as contas, a dinâmica é outra. Mas, se você a pratica como uma atividade paralela, ela deveria ser um suporte, um escape da realidade. Mesmo para você, que está profissionalizando, espere um pouquinho para você começar num cenário melhor.

Eu entendi que o cenário estava bem desfavorável (galera sem dinheiro, desanimada, tentando sobreviver de alguma maneira) para eu trabalhar como bailarina aqui e decidi focar em outras coisas e ficar um pouco em stand by. Continuei entendendo que não podia manter a lógica e a coerência de produção se a lógica e a coerência do consumo AINDA estavam alterados.

Repito que a dança não vai desaparecer de você ou da sua vida.

Respeitem o isolamento social quando positivos, usem máscara apropriadamente, se vacinem e não façam tratamento precoce (porque não existe, até então).

Bauce kabira,

Hanna Aisha


domingo, 16 de janeiro de 2022

Antiguidade é posto (?)

Fazer/trabalhar com DV parece ter validade; pelo menos, no Brasil. A não ser que eu esteja vendo esse quadro de um ponto de vista muito estreito.

Desde que acompanho a DV no Brasil desde 2000, acho que identifiquei um padrão; depois de certa idade (40?), você começa a ser deixada de lado pelo próprio mercado, principalmente pelas próprias bailarinas-alunas.

Como toda profissão, leva-se anos e anos de estudo e experiência para se atingir um estágio em que sua opinião é solicitada, sua experiência consultada. Mas, é nesse ponto do texto em que o título entra: antiguidade é posto?

Pessoalmente, eu detesto essa frase e não a reproduzo nunca porque não é verdade. Receber esse posto (que na dança costuma ser de "mestra", "madame", etc) deveria vir acompanhado de sabedoria, lucidez, experiência, conexão com a realidade, certa humildade em reconhecer que seus pupilos podem te superar. E sabemos que não é óbvio. Infelizmente, muitas bailarinas pararam no tempo em termos de estudo e reproduzem o mesmo discurso de 20, 30 anos atrás. Ao mesmo tempo, quantas bailarinas com uma bagagem incrível (mesmo que ainda não tenham atingido a categoria de mestra) são colocadas precocemente de lado em prol de bailarinas mais jovens, bonitas e acrobáticas, claramente sem experiência e estudo suficientes para estarem lado a lado dessas bailarinas "velhas"?

Tenho dificuldade em aceitar que bailarinas tão jovens ocupem o mesmo posto de bailarinas incríveis que ainda têm muito a oferecer (óbvio que existem exceções). Número de seguidores, títulos, estéticas grandiosas (corpo, roupa, fotos, vídeos) e virtuosidade técnica são mais valorizadas que conteúdo e experiência. Não estou falando do que você acha: estou falando do que vemos que traz público ou não.

Esse fenômeno não é exclusivo da DV, claro: essas mesmas discussões acontecem dentro das danças urbanas, por exemplo, que também são danças de origem popular (sugestão: Podcast Pé na Orelha). E é exatamente isso que me intriga: a DV, uma dança de origem popular, riquíssima em cultura (musical, geográfica, social, política) não ter esses aspectos mais explorados pelos praticantes.

Não sou cientista social para dar uma avaliação precisa sobre o quadro atual da nossa sociedade imediatista e consumista de superficialidades. E sei que soo meio rabugenta; alguns, dirão com dor de cotovelo. Porém, é só um desabafo no meu blog mesmo.

Eu parei para pensar muito mais nisso quando percebi que, aqui nos EUA, as pessoas ainda consomem o que bailarinas de 50-60 anos ainda oferecem. Por que deveria ser diferente? Você não costuma confiar mais em profissionais dessa idade do que os de 20 anos ou recém formados? Por que na DV você faz o contrário?

No fim, quase toda discussão que eu tenho/trago chega à mesma pergunta: por que você faz DV? Pra quê? Por que você consome o que você consome dentro dela?

Gostaria da opinião de vocês, mesmo baseado nesse texto reducionista - porque sei que a realidade não é tão simplista como coloquei.

Bauce kabira,

Hanna Aisha