Translate this blog!

terça-feira, 5 de junho de 2012

Sensualidade e a Dança do Ventre

A Dança do Ventre ou Dança Oriental (que seja) traz consigo a magia da feminilidade e da sensualidade, seja realizada por mulheres ou homens. E já escrevi, mais de uma vez, dizendo que certas expressões artísticas que se inspiram na DV são válidas. E continuo achando que são válidas! Acho que o contexto faz toda a diferença para o entendimento daquele elemento em cena.

Não sou antropóloga nem psicóloga e não tenho propriedade nenhuma em dissertar sobre o papel da mulher na sociedade, na evolução cultural, no cotidiano... o que eu sei, minimamente, é falar sobre a questão da sensualidade da DV baseada na minha experiência, desde que comecei a aprender as mãozinhas em uma academia de ginástica.

[O que mais me perguntam é se é preciso ter barriga para fazer DV. Não me lembro de ter me deparado com algum comentário ou pergunta desagradável. Ufa.]

Para mim, sensualidade é um comportamento, uma característica, geralmente, pessoal, que atiça os sentidos de outra pessoa. Ela não está necessariamente ligada à uma dança, mas acho que a Dança do Ventre permite sim, que a sensualidade de todas as praticantes possa aflorar, a partir do momento em que se deixa a barriga de fora, faz-se movimentos sinuosos e a autoestima começa a ser trabalhada. O que nem sempre ocorre com o folclore árabe, por exemplo.

A sexualidade de um indivíduo define-se como sendo as suas preferências, predisposições ou experiências sexuais, na experimentação e descoberta da sua identidade e atividade sexual, num determinado período da sua existência (Wikipedia). Ou seja, sexualidade e DV não parecem ter a ver um com o outro, correto?

Eu já fui contra ensinar DV às mulheres que queriam apenas dançar para seus maridos. Hoje, eu não vejo nenhum problema em participar como uma ponte de felicidade entre duas pessoas. Por que não utilizar a aura de "odalisca" para fazer um casal feliz?

Indo para a realidade de trabalho das bailarinas de DV: como desmistificar o imaginário popular sobre a relação entre sexualidade/vulgaridade e DV? É nosso papel? Ou é falso moralismo? Quem ainda não dançou para seu respectivo (a)? Como disseminar o outro lado da DV, que não apenas a sensualidade intrínseca? Recuso um b$m trabalh$ e abro mão dos meus princípios?

Fica aí para TODAS pensarem.

Bauce kabira,
Hanna Aisha

5 comentários:

  1. Eu tenho uma dificuldade ENORME de enxerga a SENSUALIDADE na Dança do Ventre...
    Sensualidade mesmo... Sempre tive. Tanto que eu ia escrever um post sobre isso. Que não aguentava mais ouvir isso d ngm, nem das próprias bellydancers, que a dança do ventre tem um que de sensual. Mas antes de screver tentei olhar a dança com olhar masculino... e aí finalmente achei a sensualidade da Dança. É porque ver a Jade El Jabel por exemplo me desperta outras coisas, outras sensações não sensuais não sei me explicar. Mas é isso!
    Parabéns Hanna. Beijos

    ResponderExcluir
  2. acho que o pior problema é a falta de conhecimento das pessoas que se dizem profissionais da dança do ventre no Brasil. falta conhecer mais sobre a história, como tudo começou, de onde vem e etc. odalisca mesmo é um termo que não tem nada a ver com dança do ventre. odaliscas eram as escravas que cuidavam da limpeza. não é só saber se movimentar, tem que estudar a dança também.

    ResponderExcluir
  3. Hanna, estudo comunicação, mas comecei muito recentemente e também não tenho maiores formações, fora algumas leituras de blogs legais que abordam um pouco de temas mais relacionados à midia, imagem da mulher, então me considero leiga. Mas acho que, leigos ou não, debater da forma correta pode ser muito produtivo! Sendo assim, vou dar minha opinião...

    Acho que colocar a sensualidade como tão caracteristica assim da Dança do Ventre (e não da própria mulher que a executa) está mais ligada à uma imagem orientalista que temos... Até porque outras danças, ballet, contemporâneo, hip hop, etc etc etc, também podem ser muito sensuais dentro das características peculiares delas. Há muitas vezes que observando a dança de uma bailarina acho que outra característica se sobressai muito mais do que a sensualidade.

    Não vejo problema nenhum dançar para o namorado, apesar de eu particularmente não o fazer simplesmente porque no palco eu meio que incorporo uma personagem, coloco um quê teatral ali. Com o namorado não tenho platéia, não tenho palco, então, sendo sincera, fico meio perdida na situação...

    Mas acho que é no mínimo prudente tomar cuidado com a imagem que temos diante da nossa sociedade, sendo ela do jeito que é... Querendo ou não, essa imagem da dança do ventre ligada ao sexual já me rendeu piadinhas e situações desconfortáveis, assim como para várias colegas. Sem falar que discordo muito da forma objetificada e sexual que a mídia insiste em expor a imagem feminina, mas isso é uma opinião pessoal.

    A dança do ventre tem um encantamento e faz muitas das suas praticantes aflorar a própria sensualidade, mas não é nada agressivo ou vulgar, é simplesmente belo, a sociedade que muitas vezes ainda insiste em colocar o sensual como errado.

    ResponderExcluir
  4. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  5. Ih, escrevi um baita comentário e acho que se apagou quando selecionei a conta.
    Enfim, o que quis dizer é que não há necessidade de ter esta preocupação de estarmos sendo sensuais, quem nos acha sensual, isso é errado, não é... A coisa é um pouco mais complexa que isso. Vou tentar resumir de forma clara (e te ajudar, já que danço e também estou me formando em Antropologia em poucos meses):

    Bailarinas de DV formam um grupo fechado em si mesmo a partir de uma linguagem específica, expressão física e o controle da mesma, vestimenta, técnicas de corpo, uso do tempo e, principalmente, por trocas culturais (e competitivas) com outros grupos do mesmo tipo.
    Há, por trás disso tudo, a construção de uma identidade como bailarina e elas (as bailarinas) definem para elas mesmas o significado de cada ato. Ou seja, o significado de uma expressão para alguém de fora deste grupo pode ser interpretado como sendo outra coisa completamente diferente. Por exemplo: ao interpretar um taksin, eu posso fazer uma expressão (de face e de corpo) de sofrimento, me tocando, respirando fundo e fechando os olhos. As bailarinas vão me olhar e dizer: "que linda, interpretou muito bem esta parte da música!". Um ente de fora do grupo vai atribuir os significados dele, do grupo dele, da vivência e influências sociais dele, ele pode achar que estou sendo muito sensual e "me querendo toda" ou simplesmente que aquela performance esta um saco, lenta, sem impacto e malabares.
    Entenderam? Assim como a cor de luto em alguns países é branca e a nossa é a preta, não vamos sair por aí comparando comportamentos com coisas que estão fora do nosso meio. Interessa as nossas ações dentro do nosso grupo, do nosso meio, que tem as construções de valores similares às nossas.

    Se mesmo assim vocês ainda acham que a atribuição de sensualidade por outros à nossa dança é algo ruim, só digo uma coisa: Somos feitos de hormônios, nos atraímos por estranhos nas ruas, por famosos na televisão e até temos fetiches que não contamos pra ninguém. Dizer que isso é incômodo, ruim e eticamente errado é punir a nós mesmos por uma construção de valores da época da inquisição cristã (mas que muita gente ainda carrega consigo).

    ResponderExcluir