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segunda-feira, 11 de junho de 2012

A arte do improviso

Alguns blogs já escreveram sobre o improviso em DV. Eu, particularmente, decidi que esse ano de 2012 seria o ano do improviso para minhas alunas e não há uma aula sequer que eu não feche com improvisação. Fora todas as avaliações que já estão programadas esse ano. "Eu sou carrasca, apenas isso?" Não, de maneira alguma. Faço isso porque sei que elas possuem um repertório de movimentos razoável, o que falta é colocá-los em prática. Isso me lembra minhas aulas de inglês cujo método se baseava em uma coisa parecida: "com 100 palavras em inglês é possível comunicar-se. É apenas questão de saber utilizá-las". Eu não só concordo, como faço isso, sem estresse. O vocabulário vai crescendo à medida que a segurança aumenta porque o "básico" está dominado e automático. 

Não sou contra coreografias, de maneira alguma! Mas acho que trabalhar o improviso ajuda sim no raciocínio rápido, na leitura musical e na expressão.

Algumas dicas gerais para improvisar

- Ouvir música árabe. Muito. Para entender um pouco (porque entender MESMO, acho que algumas poucas bailarinas entendem) de música árabe, sua estrutura, suas nuances, seus sotaques.

- Ensaiar regularmente os temas trabalhados. Não adianta achar que 1 hora e meia por semana de aula vai te tornar uma bailarina cada vez melhor. Doce ilusão que eu testei e não funcionou. Só sai se colocar em prática, não adianta. Já diria Shaide Halim: "Mas... sem técnica a coisa se complica um pouco mais. Porque a emoção só aparece verdadeiramente quando estamos tranquilas com o que faremos com nosso corpo, quando dominamos os passos, quando sabemos a sequência da coreografia ou, mesmo numa apresentação de improviso, quando conhecemos a música e sabemos o que fazer com ela. Ou seja, quando lidamos bem com nosso repertório de movimentos já estudados, já enraizados, já habilmente sabidos por nosso corpo".

- Nunca fiz isso de me filmar ensaiando, mas dizem que funciona. Só me vejo mesmo quando me filmam dançando, coisa que peço para fazerem sempre que dá, mesmo que eu não tenha a intenção de colocar no youtube.

- Trabalhar a timidez. Aproveitar os momentos em aula para improvisação ou exercício ajudam MUITO a diminuir a timidez diante do público. E isso interfere diretamente na sua segurança e consequentemente, na sua expressão.

Algumas dicas mais técnicas:

- Identificar o estilo musical que está sendo tocado. Rotina, balady, folclore, pop, moderno... No geral, isso não é um grande problema, pois sabe-se que estilo se irá improvisar, principalmente, se for um concurso.

- Identificar o tempo da música e, se puder, o ritmo. O ritmo pode dar dicas sobre movimentos e eu falarei exatamente sobre isso aqui no blog em algum momento.

- Identificar os instrumentos. Os instrumentos, como já venho falando nos posts sobre taqsim, não só dão dicas como recomenda-se, fortemente, segui-las.

- Criação de sequências para utilização nos improvisos. Eu, particularmente, não utilizo dessa dica, mas esse tipo de dica é comum.

Dicas mais elaboradas:

- Se os movimentos estão dominados, assim como a leitura dos ritmos, o que falta mesmo é trabalhar a expressão e a espontaneidade. E para isso, é preciso perceber qual o "humor" da música: alegre, triste, introspectiva, etc. para que você o sinta e traduza com o corpo, mexendo principalmente com a intensidade dos movimentos.

- Colocar em prática assim que tiver oportunidade! Não importa se é em sala, festa de família, festa da escola ou restaurante.

- Claro que é importante trabalhar bem as emendas e as finalizações dos passos, mas isso já faz parte de técnica em si, não só de improviso.

Você não precisa fazer 50 passos em um minuto, esquece isso! O bonito não é ver pernas, giros, cabelos e arabesques em 30 segundos, mas tocar profundamente quem te assiste e fazer da sua performance, uma na lista das inesquecíveis! Além, claro, de fazer você se sentir bem consigo mesma.

Fazer simples porém, com segurança, é certeza de sucesso!

E aqui, meu vídeo participando do concurso E-ventre 2012 na Categoria Solo Profissional, em que se improvisava uma música sorteada de uma lista de 12, reveladas anteriormente, pela organização:


Para saber mais:
- Luana Mello, para mim, que será sempre uma grande referência em DV: http://www.centraldancadoventre.com.br/artigos/175-encarando-o-improviso (ela tirou o blog do ar, ok, gente? Sad, but true.)
- Nesse artigo, uma visão parecida com a minha: http://www.centraldancadoventre.com.br/artigos/93-improvisando

Bauce kabira,
Hanna Aisha

4 comentários:

  1. Oi Hanna,
    desde o início das minhas aulas de DV minha professora sempre trabalhou o improviso. Primeiro com um passo, depois com com dois, com três, e assim sucessivamente.... Esse tipo de exercício, alem de trabalhar com tudo o q voce disse acima, tambem tem o poder de despertar uma parte de nossa sensibilidade que por vezes está escondida num cantinho bem escondidinho do nosso ser...
    Mas COMO ASSIM a Luana Mello apagou o blog?? NÃO PODEEEEEEEE!! Tudo bem que ela largou a dança do ventre, mas poderia deixar esse legado para nós que ficamos né???
    Sobre o seu vídeo do E-Ventre: eita musiquinha chaaaaataa hein?? Só vi o vídeo até o fim porque era você!! ahaahahah
    Beijocas!!

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  2. É improviso é A parada né? Eu acredito que trabalhar o improviso melhora muitas coisas numa bailarina e é um passo difícil pq não é toda professora que trabalha. Acho que tem que ser que nem você está propondo: todo dia uma dose. Aí o improviso vai se tornando mais natural e menos bicho de 7 cabeças.

    Sobre seu vídeo: Hanna, acho que esse é o seu melhor vídeo! Não sei se é porque eu estou in lve pela fakarouni desde alguns dias... mas gostei muito! Essa música é super difícil a meu ver! Ainda mais de improviso! Parabéns! Beijos

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