Shaira Sayaad, minha única professora regular e eu, como aluna em 2006 |
Você é médica, bióloga, administradora, enfermeira, professora de português? Não importa; se você tem ou teve outra profissão, provavelmente, teve de fazer um estágio supervisionado antes de se formar. Seria estranho se não fizesse isso, certo? Por quê, então, o mesmo não pode ocorrer dentro da profissão de bailarina de Dança do Ventre? Por quê a pressa em profissionalizar?
Eu tive a oportunidade de acompanhar por dois anos as aulas de iniciantes da minha professora antes de ir dar aulas e tenho certeza que foi uma das melhores coisas que aconteceram na minha preparação como profissional. Porque não cheguei tão crua ou intimidada na sala de aula. Comecei dando apenas alongamento, eventualmente, dando um ou outro passinho, até substitui-la em sua ausência.
Hoje não dou aulas da maneira que comecei (que bom evoluir!) e a cada ano, me sinto mais madura na hora de programar desde a matéria anual até aulas particulares. Nada como a experiência própria! Mas, isso não me impede, até hoje, de tirar dúvidas com minha antiga professora com relação à comportamento e tomada de decisão envolvendo minhas alunas.
Ayla Mansur: semente e futura professora |
Se você é aluna e quer tirar o DRT, sonda sua professora com relação à disponibilidade de estagiar sob sua supervisão. O tempo que você vai precisar estagiar, vai depender bastante de você, mas diria que acompanhar um ano, pelo menos, é legal, pois você pode participar, por exemplo, na elaboração de coreografia para a festa de final de ano. Lembre-se que técnica, noções estéticas e didática são os elementos básicos que uma aspirante a professora em Dança do Ventre deve ter. Você tem os 3?
Se você é professora e tem alguma aluna que está querendo profissionalizar, por que não pensar em um estágio supervisionado por você? Assim, você terá a oportunidade de dividir experiência, tirar dúvidas e ficar mais segura com seu fruto, afinal, ela provavelmente, te terá como exemplo de professora e aula durante os primeiros anos como profissional.
Não existe nenhum tipo de "perda de tempo" nisso tudo, para ambos os lados. A aluna vai testar se tem jeito/paciência para dar aulas e a professora ganha experiência, revendo seu próprio jeito de dar aulas. A não ser que ocorra algum tipo de briga de ego... mas aí é um pouco de azar, não?
Aqui, o vídeo da Ayla Mansur, como meu primeiro convite à ela para dançar profissionalmente no Zahra Sharq, depois de tantos anos como minha aluna:
Boa sorte!
E me conta suas experiências aqui, seja como traineé ou professora!
Bauce kabira,
Hanna Aisha
Ótimo artigo. Muito importante mesmo o estágio, e você citou várias profissões mas na dança mesmo tem estágio para bailarinos. Senti muita falta disto na minha formação.
ResponderExcluirLindo de ver seu carinho com a Vanessa! Que graça!
ResponderExcluirEm meus ensaios para voltar a escrever, tenho pensado bastante nisso, porque é tão difícil se estabelecer uma relação de coaching em dança do ventre, e em quanta falta isso faz na formação da persona bailarina e professora.
É fato que em uma forma de dança não estruturada, a docência acaba acontecendo, na maioria das vezes, quase como um "acidente", e a aspirante à bailarina/professora não tem com quem se aconselhar. A professora das aulas regulares, normalmente, não abre espaço para uma consultoria eventual - as aulas são focadas apenas na transmissão do conhecimento de dança, sem tempo para conversar sobre a nova realidade da aluna que está se transformando em professora, e o formato dos cursos de aprimoramento profissional e formação de professores não permite espaço para um aconselhamento.
Afinal, a culpa é de quem??? É uma questão financeira? É uma questão de ego? As bailarinas profissionais do mercado não abrem espaço para se tornar coachees das mais novas?
Não sei.
Aqui em São Paulo, um bom exemplo do que você citou no post é a Shangrilá, que têm estabelecido assistentes das professoras em sala de aula (acredito que, inclusive, com incentivo financeiro ou descontos em mensalidade, algo do tipo), que, posteriormente, se tornam trainees, e dessa leva de trainees já saíram professoras e bailarinas que são, inclusive, Noites no Harém. Ou seja: o formato funciona. Basta as demais escolas darem uma oportunidade a ele.