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sábado, 10 de maio de 2014

Técnica e Expressividade

Acho que essa busca pelo equilíbrio entre técnica e expressão é a coisa mais difícil da Dança do Ventre. E no nosso caso, é pior, pois precisamos desenvolver também uma habilidade técnica que envolve uma cultura a qual não vivemos e conhecemos muito pouco.


Eu acompanho o trabalho da Jamilah tem uns anos porque acho a técnica dela realmente limpa e impecável. Mas ela não entra para minha lista de bailarinas inspiradoras porque lhe falta expressão. Expressão no sentido de conquista de plateia mesmo. Não que ela não tenha expressão, pois ela tem, ela não fica com cara de parede. Mas, sempre que vejo os vídeos dela, me falta aquele "Nossa, que linda!" no final...

Já a Leila, que também acompanho tem um tempo, me causa outra sensação; aquela de encantamento. Sua técnica é incontestável e sua expressão é sempre muito graciosa e prazerosa.


Tem uma hora que a técnica está tão sedimentada, limpa, aliada à segurança e confiança no próprio trabalho que a expressão passa a se destacar e a plateia é conquistada, não importa seu estilo, leitura, roupa, cabelo, nada.


Não acho que devemos apenas sentir para apresentarmos uma boa expressão durante a dança, pois ela pode ser treinada e desenvolvida. Você é contratada para dançar em algum lugar e treina suas músicas, mas por algum motivo, você passa por alguma situação triste. O que você vai fazer? Transmitir tristeza na sua dança? É importante sim desenvolver esse controle. Claro que esse controle não exatamente envolve expressões muito montadas para não parecer artificial.

Desenvolver essa expressão natural e segura demanda tempo e experiência sim. Claro que existem pessoas que desenvolvem isso mais cedo que as outras, por isso essa maturidade não significa tempo; ela pode vir antes, dependendo de sua história corporal e da sua personalidade.


Logo, meninas, acalmem-se, pois sua expressão se desenvolverá, contanto que você seja bem orientada por algum profissional e treine. Sim, expressão se treina, assim como seu quadril! Uma dica é ensaiar sua expressão junto da sua coreografia, não confie nunca de que ela estará pronta e sairá perfeita no momento da apresentação. Vários fatores podem atrapalhar sua concentração na hora e sua expressão, estando treinada, fica mais fácil de sair, mesmo sob pressão.

Minha professora já dizia: "Ensaio pobre, show pobre". Vale o conselho!

Bauce kabira,
Hanna Aisha

Um comentário:

  1. Há 14 anos assisti, pela primeira vez, a um show de Maria Betânia. Lá estava a orquestra, o palco, a plateia...e ela entra: num lindo vestido até os pés em tons de ocre+vermelho+amarelo, descalça e recitando Fernando Pessoa. Magia total. "Entendi o que chamam de presença de palco" pensei - assim que consegui fazê-lo. Na segunda música não se via mais a orquestra, as grandes cortinas cor de vinho, o fã-clube na orla do palco...ela era maior do que tudo e sua voz era tudo e tod@s! E nem pensem que sou fã dela, viu? Gosto, me é impossível não gostar, mas não é o relato de uma fã apaixonada e talvez somente por isso eu tenha entendido, finalmente, o que seja a tão-falada PRESENÇA DE PALCO.
    Tuas escolhas de vídeo foram muito boas para ilustrar teu pensamento. Quando ouvi o podcast (à época) acho que comentei a respeito da expressão. Muita gente se atém à expressão facial, que é importante, mas não podemos esquecer que o corpo fala - além de dançar :-)
    Tá vendo? Saudades dos posts semanais ;-*

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