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domingo, 14 de abril de 2013

Idealização na DV

Povo, gostei muito do artigo da Juliana Camilo, psicóloga, que saiu na edição no. 14 da Revista Shimmie e resolvi postar para a gente refletir um pouquinho (os grifos são meus):

"Falamos muito sobre os benefícios da prática da dança do ventre: condicionamento físico, trabalho em equipe, autoestima, etc. No entanto, em alguns momentos, esta prática parece ocupar lugares perigosos no psiquismo das praticantes, desenvolvendo sofrimentos psicológicos que podem ser muito constrangedores, dolorosos e desorganizadores.
A psicanálise nos auxilia a pensar nestes sofrimentos, partindo de alguns conceitos básicos, como o desejo. Para Freud, o objeto de desejo nunca é real. Isso porque, nunca desejamos o objeto real, mas aquilo que esperávamos que fosse, o ideal. Na prática da dança do ventre, isso significa que para muitas, a busca da perfeição na dança, na coreografia e postura são, na realidade, reflexos do seu imaginário e da sua fantasia.
O que nos leva a esta linha de pensamento é o fato de que, na maioria do tempo, somos impulsionados por paixões, ou seja, idealizamos o "Outro" (a professora, a bailarina X ou Y, a dança em si), e passamos a percebê-la somente com características positivas. Deste modo, a idealização é uma forma de perceber e quem se admira de forma parcial, incompleta, irreal e (talvez) imatura. Forma perigosa de se conduzir, já que a pessoa apaixonada, prisioneira da idealização, supervaloriza o seu objeto de desejo, e se desvaloriza.
Quantas e quantas alunas e professoras não gastam mais do que podem em roupas, acessórios, concursos, festivais, workshops, CDs, DVDs, viagens, etc. Tudo para perseguir o seu ideal. Um dos grandes problemas neste percurso, depois de investir estes sacrifícios, é olhar para todo o caminho percorrido e se perguntar: "será que valeu a pena?"; "qual foi o sentido disso?": e sentir a tão dolorosa sensação de vazio.
Assim como numa relação amorosa, na medida em que conhecemos mais o "Outro", e a nós mesmos na sua companhia, descobrimos aspectos que não são tão perfeitos como esperávamos. Daí, o que se vê é uma série de alunas "pulando" de escola em escola, buscando algo que não se sabe bem o que é, como é e por que é. Então, o grande desafio é conseguirmos manter nosso amor (e não paixão) pelo outro em contato com suas contradições e falhas. Só podendo vivenciar sentimentos contraditórios pela mesma pessoa é que conseguiremos evoluir nossa capacidade de sentir. Portanto, quanto maior for a capacidade para tolerar as frustrações e aceitar que as outras alunas, outras professoras, outros estilos de dança, outras metodologias, são constituídos de elementos positivos e negativos, de aspectos bons e maus, mais madura a pessoa estará e, consequentemente, necessitará de menos idealizações".

Estou dividindo um momento muito particular meu na dança (talvez na vida): admitir e buscar por objetivos reais, concretos. Não falo aqui exatamente de sonhos, mas de objetivos mais breves e palpáveis e acredito que a idealização atrapalha, inclusive, esses planejamentos de curto prazo. Porque sonhar, a gente pode sonhar o que quiser. A questão é se você consegue se enxergar dando os primeiros passos. Enxergou, realizou os primeiros passos? Agora, você deve enxergar como se manter caminhando sem cair. Caiu? Agora, você deve enxergar como levantar. E assim vai...

É muito clichê o que vou dizer agora, mas direi porque é realidade: o tempo é o melhor remédio, sempre, para aqueles que batalham todos os dias por seus objetivos. Claro, que uma dose de "simancol" é necessária para algumas pessoas que não conseguem enxergar que aquele trabalho ou pessoa não lhes servem. Mas, no geral, ser afoito não é a melhor solução. E acredito que a confiança em si mesmo e no próprio potencial e princípios ajudam esses caminhos a ficarem claros mais rapidamente. Além da presença de pessoas que sabem nos orientar.

Considerando que você sabe o que quer da dança do ventre, ainda não chegou aonde você gostaria de estar? Então, faça a si mesma algumas perguntas antes:

- Eu estudo, treino, invisto o suficiente para atingir o objetivo que eu determinei?
- Sou aberta sinceramente a críticas?
- Me relaciono com as pessoas certas?
- Minha postura é considerada adequada ao meio?

Se sim, amiga, RELAXA. Seu momento vai chegar!

Bauce kabira,
Hanna Aisha

Um comentário:

  1. Oi Hanna e meninas, de tudo que eu li esse é sem dúvida o post mais útil de todos... Digo isso porque fui uma que idealizou muito, tinha sede de tudo pra ontem, fui mal interpretada e depois dei de cara com o vazio do porquê de tudo isso e pra completar ainda colecionei decepções... me identifiquei muito com esse post, concordo que devemos investir mas ter mais pé no chão também. Acredito que todos temos o que contribuir, pode ser uma aluna recém chegada mas todos temos uma bagagem a acrescentar e nunca devemos ser subestimadas. Já senti essa tristeza do será que valeu a pena... é muito ruim, mas hoje, como disse a Hanna, depois de um tempo, percebi que não é só o corpo que precisa de maturidade na dança, até nossa paciência precisa se maturar para poder conviver com os estrelismos e as sabichonas que nos cercam... trilhar esse caminho muitas vezes parece um calvário onde temos que cair e levantar, com graça, estilo, grana pra roupas, grana e mais grana porque muitas vezes olham e criticam desde maquiagem, cabelo e roupa de acordo... como não acabar sofrendo crises de ansiedade com toda essa cobrança em algo que de esporte e lazer tem tanto quanto eu tenho de sotaque italiano.... enfim... amei o post, continarei firme e forte lendo, caminhando, sorrindo e chorando, vivendo e quem sabe até dançando.. bjuuus =p

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