"Se alguém lê um livro sobre leões ferozes e encontra um leão feroz, o leitor passará a ler mais livros do autor. E se o autor ainda ensina como domar o leão feroz e o leitor consegue, o autor passará a ser digno de confiança. Daí, os autores passam a escrever sobre temas um tanto definidos com o sucesso do seu primeiro livro e será impelido a começar a escrever sobre temas que circundam "leão feroz". Estudar um objeto isolado não traz conhecimento amplo. Estudá-lo no seu próprio contexto permite entendê-lo melhor".
Esse trecho é do livro "Orientalismo" do Edward Said, o qual já comentei aqui no blog, e ele resume bem o que é o Orientalismo.
Também dizem que você só aprende uma língua de verdade quando você passa um tempo no país de origem.
Sabe o que é pior? Concordo com tudo isso. Mas, então, por que eu defendo que o folclore árabe pode ser ensinado por pessoas que nunca foram nos países de origem?
Porque acho que o conhecimento deve ser partilhado e as pessoas podem, pelo menos, serem apresentadas ao assunto.
Eu sou um pessoa muito estudiosa e se eu decido começar a estudar um tema por quaisquer motivos, em algum momento, eu vou parar para me aprofundar, seja lendo ou fazendo aula com alguém que me pareça referência no assunto. E com conteúdo, experimentação e crítica, eu crio e desenvolvo minha percepção sobre o mesmo. Ainda que eu não tenha ido, infelizmente, a nenhum país árabe, me sinto apta a falar sobre o assunto por conta do processo que eu acabei de descrever acima.
Quem já fez aula de folclore comigo sabe que eu não vendo nada como verdade, mas que repasso algumas visões de pessoas que já vivenciaram a dança de mais perto e minha conclusão do momento (do momento sim, porque eventualmente, a visão sobre determinado folclore muda). Sempre digo que aquela aula que estou dando é uma introdução/apresentação do assunto e que, se elas desenvolveram empatia por ele, eu as estimulo a procurarem saber mais, indicando, inclusive, minhas referências no assunto.
Se a gente usar o mesmo raciocínio, quase ninguém poderia dar aula de Dança do Ventre, pois a dança veio "de lá", não é?
Aliás, outra questão para reflexão: só porque você foi para Alexandria e fez aula com o próprio Mohamed El Hosseny, não te torna boa professora ou boa bailarina em Mambouty, certo?
Bauce kabira,
Hanna Aisha
Porque acho que o conhecimento deve ser partilhado e as pessoas podem, pelo menos, serem apresentadas ao assunto.
Eu sou um pessoa muito estudiosa e se eu decido começar a estudar um tema por quaisquer motivos, em algum momento, eu vou parar para me aprofundar, seja lendo ou fazendo aula com alguém que me pareça referência no assunto. E com conteúdo, experimentação e crítica, eu crio e desenvolvo minha percepção sobre o mesmo. Ainda que eu não tenha ido, infelizmente, a nenhum país árabe, me sinto apta a falar sobre o assunto por conta do processo que eu acabei de descrever acima.
Quem já fez aula de folclore comigo sabe que eu não vendo nada como verdade, mas que repasso algumas visões de pessoas que já vivenciaram a dança de mais perto e minha conclusão do momento (do momento sim, porque eventualmente, a visão sobre determinado folclore muda). Sempre digo que aquela aula que estou dando é uma introdução/apresentação do assunto e que, se elas desenvolveram empatia por ele, eu as estimulo a procurarem saber mais, indicando, inclusive, minhas referências no assunto.
Se a gente usar o mesmo raciocínio, quase ninguém poderia dar aula de Dança do Ventre, pois a dança veio "de lá", não é?
Aliás, outra questão para reflexão: só porque você foi para Alexandria e fez aula com o próprio Mohamed El Hosseny, não te torna boa professora ou boa bailarina em Mambouty, certo?
Fiz uma live falando sobre isso:
Logo, quem disse que não posso ensinar folclore?
Hanna Aisha
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