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segunda-feira, 2 de setembro de 2019

É possível separar arte de política?

Olá! Primeiro, veja o video abaixo:



Em uma entrevista para o jornal "Nexo", Paola Carosella, que é chef de cozinha, disse que toda escolha é um ato político. De quem e o que compramos são discursos mudos e que o verdadeiro valor da escolha é quando você sabe o que você tá escolhendo e quando você tem a possibilidade de escolha.

Cada vez mais se fala e se discute o reaparecimento de autocracias e da extrema direita no mundo e a fragilidade e falhas da democracia moderna. E a história já nos mostrou que uma das classes mais rapidamente afetadas em um quadro desse, é a artística porque é uma classe que costuma tratar de qualquer tema e da forma que lhe achar mais interessante - e é aí que quero criar o link com a Dança do Ventre.

Quando as bailarinas falam sobre identidade e estilo em DV, elas se referem à identidade que você quer construir e ao produto que você quer vender junto disso. Ou seja, você precisa definir que público você quer atender, que imagem você quer passar e o que você pode oferecer. A bailarina que construímos não necessariamente somos nós mesmas, aquelas do CPF. As qualidades e defeitos que temos enquanto pessoas físicas não precisam ser repassadas para a pessoa jurídica (artística).

Quando vamos para o palco ou para a sala de aula, sempre assumimos uma posição política - mesmo que você ache que não. Neutralidade é uma posição política e as pessoas tendem a achar que política diz respeito só ao que se passa no âmbito legislativo, executivo e judiciário. Nós fazemos política o tempo inteiro. Existe uma palavra em inglês - policy, a qual podemos traduzir para diretriz: diretrizes do prédio em que moramos, da empresa que trabalhamos, da faculdade que estudamos são decisões políticas também. Política diz respeito a como as sociedades humanas de organizam.

Nessa construção da definição da bailarina, uma das ideias é definir e construir uma mensagem que iremos passar. Pouca gente discute isso, mas o maior exemplo disso é a bailarina egípcia Dina, que com sua roupas ousadas, revolucionou os figurinos na Dança do Ventre como uma forma de protesto à moralidade religiosa do povo egípcio e da sua profissão como bailarina de Dança do Ventre - que não é levada a sério até hoje no Egito.

Fica aqui a dica desse episódio do podcast "Trabalho de Mesa" que acho que será um ótimo exemplo para complementar essa reflexão e essa live que realizei na minha conta no Instagram.

Bauce kabira,
Hanna Aisha