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segunda-feira, 27 de maio de 2019

Quem foi Tufic Nabak

O bailarino libanês Tufic Nabak, de 45 anos, faleceu no dia 28 de abril de 2019, vítima de um câncer de boca reincidente. Resolvi fazer esse post para deixar minha homenagem a ele e contar, brevemente, como foi nossa amizade de 11 anos.

Vida no Líbano 

Tufic Kamel Nabak nasceu em Ras Baalbek, norte do Líbano, terra do dabke, na divisa com a Síria. Por conta do frio excessivo, sua família se mudou para a capital Beirute, onde ele passou sua infância. Mas, a família Nabak acabou se mudando para Juiz de Fora - MG em 1990, quando ele tinha 17 anos, onde já tinham família instalada desde o século 19, por conta da guerra civil. 

Início na dança 
Ele fez teatro e dança durante sua infância em Beirute e a dança árabe, aprendeu com a própria família, nos casamentos e nas festas tradicionais. 


Dança como profissão 
Ele acabou iniciando sua carreira artística em 1998, quando ele foi selecionado em um teste de elenco para o filme “Lavoura Arcaica”, de Luiz Fernando Carvalho. Como o diretor o colocou para dar aulas, além de compor o elenco de apoio, acabou envolvendo-se de vez com os estudos sobre o folclore árabe. A partir daí, resolveu fazer teatro profissional e fundou, em 2001, um grupo de dança - o grupo Baladi - que deu origem, posteriormente, ao Grupo Nabak - no Clube Sírio e Libanês. O grupo teve, como objetivo, representar e divulgar a arte da dança e da cultura árabes e acabou recebendo, do Consulado Geral do Líbano no Rio de Janeiro, o reconhecimento pelo trabalho de divulgação e preservação da cultura libanesa no Brasil.


Pontos importantes da sua carreira 
Em 2002, Tufic Nabak participou da novela "O Clone", da Rede Globo. 
Em 2006, ganhou o primeiro lugar na Categoria Dupla Nacional, no Mercado Persa. 
Em 2009, foi entrevistado pelo jornalista Jô Soares.


Em 2012, Tufic Nabak foi convidado pela famosa bailarina libanesa Amani para ser um dos ministrantes de workshop, júri e bailarino do show de gala do seu evento.


Em 2013, Tufic publicou um livro chamado "Um Líbano inesquecível". Ele disse que a vontade de escrever o livro srurgiu com a conclusão do seu trabalho final na Faculdade de Turismo.
Em 2016, Tufic também fundou o Studio Tablado Árabe Nabak (STAN), com sua parceira, sócia e amiga há mais de 20 anos, Cíntia Prado, ainda em funcionamento.
Em 2017, ministrou um curso de cultura árabe para os atores da série “Dois irmãos”, também dirigida por Luiz Fernando Carvalho, na TV Globo.
Em 2019, em seu mais recente trabalho, foi preparador e coreógrafo do elenco da novela "Órfãos da Terra", também da TV Globo. Após seu falecimento, Shaira Sayaad passou a substitui-lo nessa tarefa, por sua indicação ainda durante seu tratamento. 

Em 20 anos de carreira, Tufic viajou pelo Brasil dando palestras, dançando com diversas bailarinas e ministrando cursos de dança e cultura árabes. Tufic deixou sua mãe Hassnate e dois irmãos, Claude e Tony.

Eu e Tufic
Vi o Tufic, pela primeira vez, no Mercado Persa de 2006, dançando com a Bárbara na categoria dupla. Mas, só em 2008, que fomos apresentados pessoalmente. Eu comentei com um namorado meu da época que tinha visto no Orkut, um cartaz falando sobre um show internacional em Juiz de Fora, com o Tufic e a Fabiana Tolomelli, recém-chegada dos países árabes. Por conta do meu interesse, ele me incentivou a ir ver o show e, a partir daí, minha relação com a rodoviária passou a ser bem intensa. Nessa noite do show, Tufic comentou que ele daria, no mesmo ano de 2008, junto da Fabiana, um curso profissionalizante, com foco no estilo libanês - e eu, que sempre adorei as bailarinas libanesas - disse: "Tô dentro!".

Fiz todo o curso por vários meses (dormi duas vezes na sua casa, quando perdi os ônibus de volta), aprendi horrores (tinha acabado de tirar meu DRT), passei a dançar de sapato e fiquei próxima dele.

Participei, pela primeira vez, em 2009, da Feira Cultural Árabe - evento organizado por ele por muitos anos em Juiz de Fora - e, no mesmo ano, nos encontramos em um evento em Petrópolis - RJ, onde ganhei o primeiro lugar do concurso profissional. Ele foi um dos jurados e, no fim do evento, me confidenciou que ele iria criar o Selo Nabak no ano seguinte e me convidou para tentar. Então, em 2010, junto da Nanci Rocha, fomos as primeiras a ganhar seu selo de qualidade, após seleção por vídeo, prova teórica e prática (DV e folclore libaneses) presenciais.

Por conta do Selo e da nossa proximidade cada vez maior, acabei participando todos os anos (menos em 2012, por conta de uma viagem minha a trabalho) da FCA, ele foi meu consultor de diversos temas relacionados à dança, dançamos juntos, trocamos conselhos profissionais (e pessoais), ele fez tradução de graça de músicas para mim... e sim, viramos amigos.

Em janeiro de 2018, às vésperas da minha vinda aos EUA, eu liguei para ele para me despedir. Ele me disse que eu faria falta no Brasil, mas que era para eu ir atrás dos meus sonhos. Não esperava nada diferente dele.

Obrigada, Tufic. Sentirei sua falta também.

Fontes: Acessa, Central DV, Tribuna de Minas, meus relatos pessoais. 

Bauce kabira, 
Hanna Aisha

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